22 de agosto de 2009

Papagaios da crise e desemprego

Tenho ouvido alguns políticos que, quais papagaios, têm repetido vezes sem conta a história do Primeiro Ministro ter “decretado o fim da crise” - como eles gostam de dizer para parecerem espertos - na véspera de ser anunciado o maior número de desempregados desde há não sei quantos anos. E fazem-no numa tentativa de passar a mensagem de que o homem e o seu governo querem enganar o povo dizendo aquilo quando se verifica isto.

Ora, quem usa deste discurso ou é pouco inteligente ou é pouco sério, duas características que eu consideraria fundamentais para ocupar uma posição relevante pública ou privada.

É que tentar fazer este tipo de raciocínio demagógico não ajuda em nada o país e os tais não sei quantos mil desempregados. Mas é bem capaz de trazer alguns votos. Política, a quanto obrigas!

Para os mais impressionáveis pelos discursos dos papagaios, passo a explicar, tentando ser claro e objectivo.

- Com maior ou menor intensidade (os analistas e comentadores que se entretenham a discutir isso), é certo que o colapso do sistema financeiro, conforme o conhecíamos até hoje, e a crise mundial instalado afectou também a economia portuguesa. Ou seja, era inevitável, qualquer que fosse a pessoa e a cor política no poder.

- Vários lideres mundiais, analistas, consultoras e toda essa panóplia de gente que se ocupa de escrever profecias auto-realizadoras já fizeram saber que acreditam que a crise atingiu o seu máximo ou, por outras palavras, que a economia está a começar a recuperar. Não, o Sócrates não foi o primeiro.

- É normal, aliás é mesmo óbvio, que a economia e o emprego demoraram e demorarão a reagir ao “fim da crise” (a mim, cheira-me que muito mais do se espera, mas eu não sou analista nem consultor). Parece-me lógico e evidente que se a crise acabou “ontem”, os empregos não aparecem todos “hoje”. Aliás, é bem possível que “amanhã” ainda haja alguns despedimentos por efeitos da crise. Há um lag temporal de causa-efeito.

- Por isso, dizer que “a crise acabou” quando o desemprego atinge o seu máximo não é, de todo, uma contradição ou uma afirmação menos séria ou enganadora. Se acabou é porque atingiu o seu máximo. É pois natural que desemprego também.

Fui claro?

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Sobre o Cidadão Kapa

O Cidadão Kapa é um super-herói dos tempos modernos. Uma vez que não tem poderes especiais como conseguir ver através de paredes, voar sobre edifícios altos ou força de braços suficiente para parar meteoritos, utiliza outros recursos para fazer justiça. Ver mais

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